domingo, 23 de outubro de 2011

Para um violão

Jaz na parede, encostado
Aquele que foi testemunha
Dos meus loucos amores juvenis
Dos meus dissabores, de minhas desilusões
Dos meus sonhos mortos
Do nó na garganta que sufoca
Do cotovelo que se transforma
Em dor no peito e mata.
.
Jaz, abandonado
Seis cordas que dedilhei
No abraço colado ao corpo
De manhã, a tarde, a noite
Nas madrugadas solitas
Da vida que escolhi
Quantas lágrimas soluçamos
Em tuas notas.
.
Jaz, meu companheiro
Solitário e acabrunhado
Num canto jogado
Meus dedos já não tão ágeis
Já não te fazem vibrar como antes.
.
Fizemos tantas serestas
Polcas, guaranás, chamamés, fados
Em tuas cordas pungentes
Todos os sonhos que perdi.
.
Meu violão...
Meu amante...
Companheiro...
Vamos voltar à boemia
Com novas melodias
Cruzar com a lua altaneira
Versejando c'as estrelas
Beber do orvalho da madrugada
Na perfumada brisa das campinas
Novos sonhos, novas saudades
Agora que o tempo já vai ficando
Tão longo... e tão tarde...
.
E eu, - me findo em canção
Sem melodia, nas enluaradas
Noites deste sertão.

Delasnieve Daspet

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