sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sonhos

Todo ser humano possui sonhos.
Sonhos grandes, sonhos pequenos, sonhos.

Sonhos nascem a cada dia, a cada hora, a cada minuto.
Sem percebermos um sonho nasce dentro do nosso coração.

Sonhos nos motivam a viver, a continuarmos caminhando.
Vivemos, na verdade, na busca da realização dos nossos sonhos.

Às vezes, pessoas que estão ao nosso redor
tentam matá-los com palavras de pessimismo.
Acham que, se não podem realizar seus sonhos,
as outras pessoas também não merecem realizar os seus.
Puro egoísmo.

Muitas vezes, achamos que não conseguiremos realizá-los,
que eles estão muito distante de nós.
Ou achamos que não merecemos, porque não somos ninguém.
Se não acreditarmos neles, os perderemos.

Temos que tirar do baú os sonhos, caso contrário, eles envelhecem
e assim não conseguiremos mais realizá-los.
A realização vem pela luta, esforço e persistência.

Caminhar ao lado de pessoas que nos motivem a sonhar
e a persistir nos mesmos é muito importante.
É um passo para a realização deles.

Mesmo que tudo o leve a pensar que parece impossível,
não desista do seu sonho. Busque forças dentro de você.

Peça ajuda a Deus. Nenhuma oração volta sem resposta.
Acredite que tudo pode acontecer
quando desejamos do fundo do coração.

Da bíblia temos que:
"Tudo posso naquele que me fortalece".
Tudo e não algumas coisas!

Acredite na beleza dos seus sonhos
e na capacidade de realizá-los.

Você é capaz! Sonhe sempre.
Nunca deixe de sonhar e você será sempre um vencedor.

Ouse sonhar

Ouse sonhar pois, os sonhadores vêem o amanhã.

Ouse fazer um desejo,
Pois desejar abre caminhos para a esperança
E ela é o que nos mantém vivos.

Ouse buscar as coisas
Que ninguém mais pode ver
Não tenha medo de ver
O que os outros não podem.

Acredite em seu coração
E, em sua própria bondade,
Pois, ao fazê-lo,
Outros acreditarão nisso também.

Acredite na magia,
Pois a vida é cheia dela,
Mas, acima de tudo, acredite em si mesmo...
porque dentro de você reside toda a magia
Da esperança, do amor e dos sonhos de amanhã.

Que é simpatia - Casimiro de Abreu

Simpatia é um sentimento
Que nasce num só momento
Sincero no coração
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos presos
Numa mágica atração.

Simpatia são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim
Bem longe às vezes nascidos
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.

São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso
Que choram nos mesmos ais.
São vozes de dois amantes
Duas linhas semelhantes
Ou dois poemas iguais!

Simpatia meu anjinho
É o canto do passarinho
É o doce aroma da flor
São nuvens d'um céu de agosto
É o que me inspira teu rosto
Simpatia é quase amor!

Onde estavas?

Onde estavas...
Quando te buscando vaguei
Pela noite escura desta cidade fria?

.

Onde estavas...
Quando no triste olhar do menino
Perdido na multidão
Busquei algo de ti?

.

Quando, pressentindo o encontro das horas
Procurei a esperança nas entrelaçadas do tempo?
Quando a manhã...
Cansada de esperar os cabelos do dia
Desencadeou-se na aurora
Dando lugar à tempestade?

.

Onde estavas...
Quando dormi ao relento
Tendo por companhia as vagas noturnas?
Quando...
Tendo por sonhos teus meigos sorrisos?
Quando a doçura de teus lábios
Na calada da noite, vibrava em mim?

.

Onde estavas?
Quando na árvore brincava
A vagagundagem irriquieta dos pássaros
Em colóquios furtivos?

.

Onde estavas?...
Quando na transparência
Das tardes que se alongaram
Pelas últimas horas
Havia um convite à felicidade
Intensa e prolongada?

.

Onde estavas?...
Quando ao passar entre as verduras
Das heras, coladas nos edifícios coloniais
Pressenti, na quietude bucólica dos recantos
A tua tumultuada ausência?

Onde estavas?

Delasnieve Daspet - Campo Grande/MS

Um "pouquito" de Clarice Lispector

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase:
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

Obs: Agora leia de baixo para cima.

Clarice Lispector

Seria tão diferente...

Seria tão diferente
se os sonhos de que a gente gosta
não terminassem
tão de repente...

Seria tão diferente
se os bons momentos da vida
durassem eternamente...

Seria tão diferente
se a gente de que a gente gosta
gostasse um pouco da gente...

Seria tão diferente
se quando a gente chorasse,
fosse só de contente...

Seria tão diferente,
se a gente que a gente ama sentisse
o que a gente sente...

Mas... é tudo tão diferente...!
Os sonhos de que a gente
gosta terminam tão de repente...

Os bons momentos da vida
não duram eternamente...
A gente de que a gente gosta nem
sempre gosta da gente...

Das vezes que a gente chora,
poucas vezes são de contente...

E a gente que a gente ama
não sente o mesmo que a gente...
Mas... poderia ser tão diferente...!

Dê-se uma chance de ser diferente...!
Tente, ouse, opte pela Felicidade e aí
será diferente.

"Feliz aquele que acredita em seus sonhos, pois só assim poderá realizar seus vôos plenamente..."

Oi, moço...!

Não me perguntem quantos anos tenho
e sim, quantas cartas mandei e recebi
Se mais jovem, se mais velho...
o que importa
se ainda sou um fervilhar de sonhos
se não carrego o fardo da esperança morta!

Não me perguntem quantos anos tenho
e sim, quantos beijos troquei
- Beijos de amor!

Se a juventude em mim ainda é festa
se aproveito tudo a cada instante
e se eu bebo da taça gota a gota...
Ora! Então pouco se me dá que gota resta!

Não me perguntem quantos anos tenho mas...
queiram saber de mim se criei filhos
queiram saber de mim que obras eu fiz
queiram saber de mim que amigos tenho
e se alguém, pude eu, tornar feliz.

Não me perguntem quantos anos tenho mas...
queiram saber de mim que livros li
queiram saber de mim por onde andei
queiram saber de mim quantas histórias
quantos versos ouvi, quantos cantei.

E assim, somente assim, todos vocês
por mais brancos que estejam meus cabelos
por mais rugas que vejam no meu rosto
terão vontade de chamar-me:
“Oi Moço...!!!”

E ao me verem passar aqui... ali...
não saberão ao certo a minha idade
mas saberão por certo, que eu vivi.

Retrato de Mãe

Uma simples mulher existe que, pela imensidão do seu amor, tem um pouco de Deus; e pela constância de sua dedicação, tem um pouco de anjo.

Que, sendo moça, pensa como uma anciã e, sendo velha, age com as forças todas da juventude, quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida, e, quando sábia, assume a simplicidade das crianças.

Pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama e, rica, empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos.

Forte, entretanto, estremece ao choro de uma criancinha e, fraca, entretanto se alteia com a bravura dos leões.

Viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam, e morta, tudo o que somos e tudo o que daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.

Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher, se não quiserem que ensope de lágrimas este pergaminho, porque eu a vi passar em meu caminho.

Apenas lhes peço: quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página, e eles lhes cobrirão de beijos a fronte, e dirão que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria MÃE...

Navegue... e descubra tesouros

Navegue, descubra tesouros, mas não os tire do fundo do mar, o lugar deles é lá.

Admire a lua, sonhe com ela mas não queira trazê-la para a terra. Curta o sol, se deixe acareciar por ele, mas lembre-se que seu calor é para todos.

Sonhe com as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar no céu. Não tente deter o vento, ele tem pressa de chegar sabe-se lá onde. Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos.

O sorriso... Esse você deve segurar; não deixe-o ir embora, agarre-o!

Quem você ama? Guarde dentro de um porta-jóias, tranque e perca a chave. Quem você ama é a maior jóia que você possui.

Não importa se a estação do ano muda, se o século vira, se o milênio é outro; conserve sempre a vontade de viver, não se chega a lugar algum sem ela. Persiga um sonho, mas não deixe ele viver sozinho.

Alimente sua alma com amor e cuide de suas feridas com carinho. Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não se enlouqueça por elas. Dê um sorriso para quem se esqueceu como se faz isso.

Acelere seu pensamento, mas não permita que ele te consuma. Olhe para o lado, alguém precisa de você. Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca. Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.

Procure seus caminhos, mas não machuque ninguém nessa procura. Arrependa-se, volte atrás, peça perdão. Não se acustume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário! Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.

Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga!

Se estiver tudo certo, continue! Se tiver saudades, mate-a! Se perdeu um amigo, não se perca! Se achá-lo, segure-o! Caso sinta-se só, olhe para as estrelas; elas não estão ao seu alcance, mas estarão eternamente brilhando para você!

Fernando Pessoa

Canção excêntrica

Ando à procura de espaço
Para o desenho da vida
Em números me embaraço
E perco sempre a medida
Se penso encontrar saída
Em vez de abrir um compasso
Protejo-me num abraço
E gero uma despedida.

Se volto sobre meu passo
É distância perdida.

Meu coração, coisa de aço
Começa a achar um cansaço
Esta procura de espaço
Para o desenho da vida
Já por exausta e descrida
Não me animo a um breve traço:
- Saudosa do que não faço
- Do que faço, arrependida.

Cecília Meireles


Poesia da alma

Poesia que sai da alma
É poesia encantamento
Leve brisa sonora
Brando sopro de vento
Palavras faladas
Cadencia gostosa
Como as borboletas
Quando planam sobre as rosas
E a poesia quando sai da alma
Tal qual um canto pungente
Cheia de magia se faz presente
E o coração acompanha
Esse compasso que o poeta sente.

Augusta Schimidt

Liberdade

Nos meus cadernos de escola
Nesta carteira nas árvores
Nas areias e na neve
Escrevo teu nome

Em toda página lida
Em toda página branca
Pedra sangue papel cinza
Escrevo teu nome

Nas imagens redouradas
Na armadura dos guerreiros
E na coroa dos reis
Escrevo teu nome

Nas jungles e no deserto
Nos ninhos e nas giestas
No céu da minha infância
Escrevo teu nome

Nas maravilhas das noites
No pão branco da alvorada
Nas estações enlaçadas
Escrevo teu nome

Nos meus farrapos de azul
No tanque sol que mofou
No lago lua vivendo
Escrevo teu nome

Nas campinas do horizonte
Nas asas dos passarinhos
E no moinho das sombras
Escrevo teu nome

Em cada sopro de aurora
Na água do mar nos navios
Na serrania demente
Escrevo teu nome

Até na espuma das nuvens
No suor das tempestades
Na chuva insípida e espessa
Escrevo teu nome

Nas formas resplandecentes
Nos sinos das sete cores
E na física verdade
Escrevo teu nome

Nas veredas acordadas
E nos caminhos abertos
Nas praças que regurgitam
Escrevo teu nome

Na lâmpada que se acende
Na lâmpada que se apaga
Em minhas casas reunidas
Escrevo teu nome

No fruto partido em dois
de meu espelho e meu quarto
Na cama concha vazia
Escrevo teu nome

Em meu cão guloso e meigo
Em suas orelhas fitas
Em sua pata canhestra
Escrevo teu nome

No trampolim desta porta
Nos objetos familiares
Na língua do fogo puro
Escrevo teu nome

Em toda carne possuída
Na fronte de meus amigos
Em cada mão que se estende
Escrevo teu nome

Na vidraça das surpresas
Nos lábios que estão atentos
Bem acima do silêncio
Escrevo teu nome

Em meus refúgios destruídos
Em meus faróis desabados
Nas paredes do meu tédio
Escrevo teu nome

Na ausência sem mais desejos
Na solidão despojada
E nas escadas da morte
Escrevo teu nome

Na saúde recobrada
No perigo dissipado
Na esperança sem memórias
Escrevo teu nome

E ao poder de uma palavra
Recomeço minha vida
Nasci pra te conhecer
E te chamar...

Liberdade.

Paul Éluard - Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira

Ergo uma rosa

Ergo uma rosa, e tudo se ilumina
Como a lua não faz nem o sol pode
Cobra de luz ardente e enroscada
Ou vento de cabelos que sacode.

Ergo uma rosa, e grito a quantas aves
O céu pontuam de ninhos e de cantos
Bato no chão a ordem que decide
A união dos demos e dos santos.

Ergo uma rosa, um corpo e um destino
Contra o frio da noite que se atreve
E da seiva da rosa e do meu sangue
Construo perenidade em vida breve.

Ergo uma rosa, e deixo, e abandono
Quanto me dói de mágoas e assombros
Ergo uma rosa, sim, e ouço a vida
Neste cantar das aves nos meus ombros.

José Saramago

Canção a caminho do céu

Foram montanhas? Foram mares?
Foram os números...? - Não sei.
Por muitas coisas singulares
Não te encontrei.

E te esperava, e te chamava
E entre os caminhos me perdi.
Foi nuvem negra? Maré brava?
E era por ti!

As mãos que trago
As mãos são estas.
Elas sozinhas te dirão
Se vem de mortes ou de festas meu coração.

Tal como sou, não te convido...
A ires para onde eu for.

Tudo que tenho é haver sofrido
Pelo meu sonho, alto e perdido
- E o encantamento arrependido
Do meu amor.

Cecília Meirelles

Chimarrão


Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno

E a cuia, seio moreno
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão

Em sua simplicidade
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão

Trazes à minha lembrança
Neste teu sabor selvagem
A mística beberagem
Do feiticeiro charrua

E o perfil da lança nua
Encravada na coxilha
Apontando firme a trilha

Por onde rolou a história
Empoeirada de glórias
De tradição farroupilha

Em teus últimos arrancos
Ao ronco do teu findar
Ouço um potro a corcovear
Na imensidão deste pampa

E em minha mente se estampa
Reboando nos confins
A voz febril dos clarins
Repinicando: "Avançar"!

E então eu fico a pensar
Apertando o lábio, assim
Que o amargo está no fim

E a seiva forte que eu sinto
É o sangue de trinta e cinco
Que volta verde pra mim.

Glaucus Saraiva

Escrevo para não morrer

Para não morrer, para não explodir,
Para desabafar meus sentimentos,
Esta força que me avassala e oprime,
É por isso que escrevo!

E por que tenho vida - vou escrevendo;
Meu interior pede a tradução em letras e versos
Do que se agiganta em mim...

Escrevo, enfim, para renascer.
Pois o turbilhão que minh´alma encerra
Me lança à extratosfera...Escrevendo chego ao infinito,
E como uma onda num oceano de areia,
Densa, vou num crescendo, rolando nas dunas...

Escrevo, pois preciso dizer o que aprendi!
Muitas coisas nos esperam além da estrada,
Da imensidão, indizíveis e invisíveis a olho nú,
A eternidade!

E escrevo, enfim, para que caibam dentro de mim,
Todas as angústias e dores que carrego,
E antes que eu desabe, como um grão de areia
Que se joga ao vento,
Escrevo para não morrer...

Delasnieve Daspet

Dialogando com o Brasil

Brasil...

Sabe, Brasil, estou feliz
Por ouvir você dizer o que eu sempre quis
Que moro num país poderoso
Que aqui não tem o tal chefão,
Que deve ser uma mulher,
Pois eles chamam ditadura...

Mas eu não consigo entender
Cadê os heróis que eu vi na TV
Antes de eu crescer
Que lutavam tanto por você?
Eles foram expulsos, eu sei
Mas pelo que vejo, os que voltaram,
Vieram só se vingar de você...

Enquanto eles foram
Outros me fizeram crer
Que você era o país do futuro
E eu lutei bravamente prá chegar
Nesse tal futuro...

Cresci, estudei, trabalhei
Trabalhei tanto, e de repente
Já cansado e doente
Precisava aposentar
Mas veio um presidente
Homem culto e inteligente
Me chamou de vagabundo...

Eu chorei, mas continuei
Tentando pra lá e pra cá
Porque enquanto eu trabalhava
Tinha comigo um ideal
De ver você ser, finalmente
Majestoso, poderoso, real
E ajudei no que pude.

Mas acho que me enganei
Não há heróis, só bandidos
Que lá nos seus bastidores
Apertam as mãos
Dividem o produto da traição.

Brasil, dá uma luz
Ensina um caminho pra gente
Que não seja indecente
Como tudo que teve até então...

Mostra-nos o jeito certeiro
De fazermos de você, o celeiro
Onde todos terão pão...

autoria desconhecida

Lágrimas secas

É noite agora
E a saudade me chega
No corpo e na alma
No teu lugar apenas o vazio
De movimento e vozes
Que só podem ser teus!

Entre mentiras e sonhos
Foi-se o sono
Esvai-se a bruma
Apagam-se as luzes das estrelas
A lua baixa p´ra seu sono de paz
Nasce o dia.

E eu fiquei na espera
De um abraço ilusório
De um sorriso largo
De um olhar terno
Um murmúrio do vento
Chamando um nome - O meu!

Quantas noites não dormi!
Passei-as chorando
Lágrimas secas
Do vazio da tua ausência!

Delasnieve Daspet

Toca-me

Toca-me lentamente ...
Desperta minhas fantasias
Faz-me perder a razão
Quero a emoção do toque de tuas mãos
Cheias de malícias e delícias
Tocando-me inteira...

Toques quentes, úmidos envolvem todo meu ser
Olhando-me nos olhos ouve meus ais
Meu sussurrar de quem quer mais e mais
Toca-me com teu desejo ardente e louco
Faz -me delirar com teus dedos a bailar
Entre curvas e fendas molhadas de prazer
Entorpece meus desejos com teus beijos...

Toca-me!
Explode comigo...
Agora toca-me com os carinhos teus
Sou toda tua e tu és todo meu.

Somos um...
Toca-me!

CandySaad

Matizes do luar

A noite chega rasgando o céu
Com matizes melancólicas
Reflexos da lua
Que ainda tímida se esconde
Espiando a imensidão...

Uma solitária estrela
Levita no firmamento
Como um acorde musical...

Meus pensamentos
Flutuam como plumas
Buscando ao seu encontrar
Como numa magia
Ouço um doce cantar...

Notas doces...
Serenata de deuses...
São nossas almas a se beijar...

Candy Saad

Liberte-se

Não se pode guardar no presente certas marcas
Mesmo que a dor seja mais profunda que os sorrisos
Não se devem manter cravadas na pele essas farpas
Viver do passado de longe nunca foi o melhor caminho

Assassinamos nosso tempo
Perdemos nossa tranqüilidade
Crucificamos nossos sonhos

Não vivemos mais o momento que nos prepara o futuro
Limitamos todo nosso amanhã a irreais incertezas
Matamos com isso a esperança num psicótico surto
Que mina as bases de nossa vida com desapercebida sutileza

Amputamos nossa felicidade
Destruímos nosso respeito
Traímos nossas perspectivas

Ninguém pode ser feliz sem acreditar em seu potencial
Uma vez que na vida se evolui praticando o otimismo
É necessário crer que tudo em você se faz muito especial
Quando se planta o amor cultivando no rosto um lindo sorriso.

Autor: Jorge Jacinto da Silva Junior

O vento forte

O vento é forte, mas o homem resiste.
O homem é forte, mas a morte abate-o.
Porém, mais forte é o Amor.
O Amor nunca se derruba.
Ninguém merece as tuas lágrimas...
E quem as merece nunca te fará chorar.
Um verdadeiro amigo é alguém...
Que te dá a mão e chega ao teu coração.
O silêncio é um amigo que nunca te trai.
Pessoas que se amam dizem mil coisas...
Sem necessidade de falar.
Talvez no mundo sejas somente um peão...
Mas para alguém tu és o mundo inteiro.
O ruído mais bonito do mundo é o silêncio.

Não busques grandes palavras...
Quando um pequeno gesto é suficiente.
Uma palavra…
Um olhar…
Um gesto...
Um beijo...
Podem fazer um milagre!

Nunca há um final definitivo...
Sempre há um começo novo.
Olha sempre em frente.

Não te detenhas...
Nada existe para sempre...
Vive e deixa viver... dando amor!

Cuida-te, muito!

Autor: Zuster Flor

Vou embora pro passado

Vou-me embora pro passado
Lá sou amigo do rei
Lá tem coisas "daqui, ó!"
Roy Rogers, Buc Jones
Rock Lane, Dóris Day.

Vou-me embora pro passado
Porque lá, é outro astral
Lá tem carros Vemaguet
Jeep Willes, Maverick
Tem Gordine, tem Buick
Tem Candango e tem Rural.

Vou-me embora pro passado
Lá dançarei Twist,
Hully-Gully, Iê-iê-iê
Lá é uma brasa mora!
Só você vendo pra crê
Assistirei Rim Tin Tin
Ou mesmo Jinne é um Gênio
Vestirei calças de Nycron
Faroeste ou Durabem
Tecidos sanforizados Tergal
Percal e Banlon
Verei lances de anágua
Combinação, califon
Escutarei Al Di Lá
Dominiqui Niqui Niqui
Me fartarei de Grapette
Nas farras dos piqueniques.

Vou-me embora pro passado
No passado tem Jerônimo
Aquele Herói do Sertão
Tem Coronel Ludugero
Com Otrope em discussão
Tem passeio de Lambreta
De Vespa, de Berlineta
Marinete e Lotação.

Quando toca Pata Pata
Cantam a versão musical
"Tá Com a Pulga na Cueca"
E dançam a música sapeca
Ô Papa Hum Mau Mau
Tem a turma prafrentex
Cantando Banho de Lua
Tem bundeira e piniqueira
Dando sopa pela rua
Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado
Que o passado é bom demais!
Lá tem meninas "quebrando"
Ao cruzar com um rapaz
Elas cheiram a Pó de Arroz
Da Cashemere Bouquet
Coty ou Royal Briar
Colocam Rouge e Laquê English
Lavanda Atkinsons
Ou Helena Rubinstein
Saem de saia plissada
Ou de vestido Tubinho
Com jeitinho encabulado
Flertando bem de fininho.
E lá no cinema Rex
Se vê broto a namorar
De mão dada com o guri
Com vestido de organdi
Com gola de tafetá.

Os homens lá do passado
Só andam tudo tinindo
De linho Diagonal
Camisas Lunfor, a tal
Sapato Clark de cromo
Ou Passo-Doble esportivo
Ou Fox do bico fino
De camisas Volta ao Mundo
Caneta Sheafers no bolso
Ou Parker 51
Só cheirando a Áqua Velva
A sabonete Gessy
Ou Lifebouy, Eucalol
E junto com o espelhinho
Pente Pantera ou Flamengo
E uma trunfinha no quengo
Cintilante como o sol.

Vou-me embora pro passado
Lá tem tudo que há de bom!
Os mais velhos inda usam
Sapatos branco e marrom
E chapéu de aba larga
Ramenzone ou Cury Luxo
Ouvindo Besame Mucho
Solfejando a meio tom.
No passado é outra história!
Outra civilização...

Tem Alvarenga e Ranchinho
Tem Jararaca e Ratinho
Aprontando a gozação
Tem assustado à Vermuth
Ao som de Valdir Calmon
Tem Long-Play da Mocambo
Mas Rosenblit é o bom
Tem Albertinho Limonta
Tem também Mamãe Dolores
Marcelino Pão e Vinho
Tem Bat Masterson, tem Lesse
Túnel do Tempo, tem Zorro
Não se vê tantos horrores.

Lá no passado tem corso
Lança perfume Rodouro
Geladeira Kelvinator
Tem rádio com olho mágico
ABC a voz de ouro
Se ouve Carlos Galhardo
Em Audições Musicais
Piano ao cair da tarde
Cancioneiro de Sucesso
Tem também Repórter Esso
Com notícias atuais.

Tem petisqueiro e bufê
Junto à mesa de jantar
Tem bisqüit e bibelô
Tem louça de toda cor
Bule de ágata, alguidar
Se brinca de cabra cega
De drama, de garrafão
Camoniboi, balinheira
De rolimã na ladeira
De rasteira e de pinhão.

Lá, também tem radiola
De madeira e baquelita
Lá se faz caligrafia
Pra modelar a escrita
Se estuda a tabuada
De Teobaldo Miranda
Ou na Cartilha do Povo
Lendo Vovô Viu o Ovo
E a palmatória é quem manda.

Tem na revista O Cruzeiro
A beleza feminina
Tem misse botando banca
Com seu maiô de elanca
O famoso Catalina
Tem cigarros Yolanda
Continental e Astória
Tem o Conga Sete Vidas
Tem brilhantina Glostora
Escovas Tek, Frisante
Relógio Eterna Matic
Com 24 rubis
Pontual a toda hora.

Se ouve página sonora
Na voz de Ângela Maria
"— Será que sou feia?
— Não é não senhor!
— Então eu sou linda?
— Você é um amor!..."

Quando não querem a paquera
Mulheres falam:
"Passando, que é pra não enganchar!"
"Achou ruim dê um jeitim!"
"Pise na flor e amasse!"
E AI e POFE! e quizila
Mas o homem não cochila
Passa o pano com o olhar
Se ela toma Postafen
Que é pra bunda aumentar
Ele empina o polegar
Faz sinal de "tudo X"
E sai dizendo "Ô Maré!
Todo boy, mancando o pé
Insistindo em conquistar.

No passado tem remédio
Pra quando se precisar
Lá tem Doutor de família
Que tem prazer de curar
Lá tem Água Rubinat
Mel Poejo e Asmapan
Bromil e Capivarol
Arnica, Phimatosan
Regulador Xavier
Tem Saúde da Mulher
Tem Aguardente Alemã
Tem também Capiloton
Pentid e Terebentina
Xarope de Limão Brabo
Pílulas de Vida do Dr. Ross
Tem também aqui pra nós
Uma tal Robusterina
A saúde feminina.

Vou-me embora pro passado
Pra não viver sufocado
Pra não morrer poluído
Pra não morar enjaulado
Lá não se vê violência
Nem droga nem tanto mal
Não se vê tanto barulho
Nem asfalto nem entulho
No passado é outro astral
Se eu tiver qualquer saudade
Escreverei pro presente
E quando eu estiver cansado
Da jornada, do batente
Terei uma cama Patente
Daquelas do selo azul
Num quarto calmo e seguro
Onde lá descansarei
Lá sou amigo do rei
Lá, tem muito mais futuro
Vou-me embora pro passado.

Jessier Quirino é paraibano de Campina Grande, arquiteto por profissão, poeta por vocação, vive atualmente em Itabaiana. É o autor dos livros "Paisagem de Interior", "A Miudinha", "O Chapéu Mau e O Lobinho Vermelho" "Agruras da Lata D'Água", "Prosa Morena - acompanha um CD com gravações de alguns poemas", "Política de Pé de Muro" e "A Folha de Boldo - Notícias de Cachaceiros", além de cordéis, causos, musicas e outros escritos.

Alma de poeta

Poeta navega em emoções, voa em sonhos e ilusões
Poeta ama a natureza, namora o sol e a lua.

Do mundo, encanta-se com a beleza e absorve as tristezas
Vai além da imaginação...
Usa máscara, cria, inventa, finge, fantasia
Chora de saudade, faz da tristeza, alegria
Soluça por amor. Sorri sentindo dor.

Poeta é um sonhador que com toda magia
Derrama em versos, do mais profundo da alma
Sentimentos de amor.

Marilda Conceição

Conquista do paraíso

Uma luz brilha no coração do homem
Que desafia a escuridão da noite
Uma luz cravada em cada alma
Como asas da esperança levantando vôo...

Um dia ensolarado quando nasce um bebê
As pequenas coisas que dizemos
Um brilho especial nos olhos de alguém
Presentes simples, todos os dias...

Em algum lugar existe um paraíso
Onde todos encontram libertação
É aqui na terra e entre os seus olhos
Um lugar onde encontramos nossa paz...

Venha - abra seu coração
Estenda as mãos para as estrelas...

Acredite no seu poder
Agora, aqui neste local
Aqui nesta Terra
Esta é a hora...

É um lugar que chamamos de paraíso
Cada um de nós tem o seu próprio...

Não tem nome, não, não tem preço
É um lugar que chamamos de lar
Um sonho que vai além das estrelas
O azul sem fim dos céus...

Sempre nos perguntando quem somos?
Sempre nos questionando por quê?

Venha - abra seu coração
Estenda as mãos para as estrelas...

Acredite no seu poder
Agora, aqui neste lugar
Aqui nesta Terra
Esta é a hora...

Uma luz brilha no coração das pessoas
Que desafia a escuridão da noite
Uma luz cravada em cada alma
Como asas da esperança levantando vôo.

Profissão de fé

Deixo-me seduzir
Disponho-me a servi-lo
Com minha força e capacidade.

Renuncio a mim mesma
Sigo-te fiel e intrépida
Rompendo as seguranças
Abandonando projetos
Para testemunhar o que me for solicitado...

Exponho-me as injúrias
Calo minhas angústias
Por não alcançar objetivos traçados!

E demonstro minha fragilidade
Nas dores que exaurem meu arcabouço
Pálida e exangue figura!...

Não! Não contarei os fatos
Presentes, no traçado de meus atos.

Contarei o que me anima
Toda minha força, na profundidade da minha fé
Firme, na denúncia de injustiças
Que corroem valores e ceifam vidas...

Quero viver a partilha solidária
Da palavra, do pão, da fé
Nos exemplos que semeias e transmites
Que na paixão pela vida
Realizas dia a dia!

Delasnieve Daspet

A lição do rio

E o RIO corre sozinho
Vai seguindo seu caminho
Não necessita ser empurrado
Pára um pouquinho no remanso
Apressa-se nas cachoeiras
Desliza de mansinho nas baixadas
Precipita-se nas cascatas
Mas, no meio de tudo isso
Vai seguindo seu caminho
Sabe que há um ponto de chegada
Sabe que seu destino é para a frente
O rio não sabe recuar
Seu caminho é seguir em frente.

É vitorioso, abraçando outros rios,
Vai chegando no mar
O mar é sua realização
É chegar ao ponto final
É ter feito a caminhada
É ter realizado totalmente seu destino.

A vida da gente deve ser levada do jeito do rio
Deixar que corra como deve correr
Sem apressar e sem represar
Sem ter medo da calmaria
E sem evitar as cachoeiras.

Correr do jeito do rio, na liberdade do leito da vida, sabendo que há um ponto de chegada. A vida é como o rio. Por que apressar?
Por que correr se não há necessidade? Por que empurrar a vida?
Por que chegar antes de se partir? Toda natureza não tem pressa.
Vai seguindo seu caminho.

Assim é a árvore, assim são os animais. Tudo o que é apressado perde gosto e o sentido. A fruta forçada a amadurecer antes do tempo perde o gosto. Tudo tem seu ritmo. Tudo tem seu tempo.
E então, por que apressar a vida da gente?

Desejo ser um rio...
Livre dos empurrões dos outros e dos meus próprios
Livre das poluições alheias e das minhas
Rio original, limpo e livre
Rio que escolheu seu próprio caminho
Rio que sabe que tem um ponto de chegada
Sabe que o tempo não interessa.

Não interessa ter nascido a mil ou a um quilômetro do mar.
Importante é chegar ao mar. Importante é dizer "cheguei"...
E porque cheguei, estou realizado.
A gente deveria dizer: não apresse o rio, ele anda sozinho.

Assim deve-se dizer a si mesmo e aos outros: não apresse a vida, ela anda sozinha. Deixe-a seguir seu caminho normal. Interessa saber que há um ponto de chegada e saber que se vai chegar lá. É bom viver do jeito do rio!

"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente."

Henfil

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A "tequinologia" do abraço

A "tequinologia" do abraço por um matuto mineiro.

O matuto falava tão calmamente, que parecia medir, analisar e meditar sobre cada palavra que dizia...

- É... das invenção dos homi, a que mais tem sintido é o abraço.

O abraço num tem jeito di um só aproveitá!

Tudo quanto é gente, no abraço, participa uma beradinha...

Quandu ocê tá danado de sodade, o abraço de arguém ti alivia...

Quandu ocê tá cum muita reiva, vem um, te abraça e ocê...
fica até sem graça de continuá cum reiva...

Si ocê tá feliz e abraça arguém,
esse arguém pega um poquim da sua alegria...

Si arguém tá duente, quandu ocê abraça ele,
ele começa a miorá, i ocê miora junto tamém...

Si arguém perde outro arguém querido, não há palavras,
mas um abraçu silencioso diz tudu...

Muita gente importante e letrado já tentô dá um jeito de sabê
purquê qui é, qui o abraço tem tanta tequilonogia,
mas ninguém inda discubriu...

Mas, iêu sei! Foi um ispirto bão de Deus qui mi contô...

Iêu vô contá procêis u qui foi quel mi falô:
O abraço é bão pur causa do Coração...

Quandu ocê abraça arguém, fais massarge no coração!...

I o coração do ôtro é massargiado tamém! Mas num é só isso, não...

Aqui tá a chave do maió segredo de tudo:
É qui, quandu nois abraça arguém, nóis fica cum dois coração no peito!...
INTONCE...
UM ABRAÇU PRÔ CÊ!!!!

Os dois horizontes

Dois horizontes fecham nossa vida:

Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar
No presente, — sempre escuro
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.

Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais
O vôo das andorinhas
A onda viva e os rosais
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.

Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.

No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida
Saudade ou aspiração
Ao nosso espírito ardente
Na avidez do bem sonhado
Nunca o presente é passado
Nunca o futuro é presente.

Que cismas, homem? — Perdido
No mar das recordações
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões
Que buscas, homem? — Procuro
Através da imensidade
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.

Machado de Assis

Solidariedade, onde estás?

Solidariedade, onde estás?
Não encontro palavras para descrever-te
Neste mundo caótico, frio e distante...

Solidariedade, onde estás?
Procuro-te, mas não te acho
Tanta dificuldade, tanta fome, tanto frio...

Solidariedade, onde estás?
Onde te escondes?
Por onde andas?
Queria dar-te a mão
E pelo mundo afora
Repartirmos o pão, o peixe, a água, o vinho, a lã...

O pão e o peixe que matam a fome
A água que sacia a sede
O vinho que alimenta a alma
A lã que aquece o corpo...

Povos, línguas e nações clamam por ti
Bem-aventurada aquela que supre a necessidade dos povos
Sei, sei que sozinha tu não podes
Precisas de mim, do próximo, do outro e mais outro...

E outro, outro... outro? Outro.
E numa roda viva, firme e forte
Envolveríamos o planeta de cima abaixo
Com teus braços quentes
Aproximaríamos gente
E todos juntos construiríamos um mundo melhor...

Solidariedade, tu, és o elo
A chave-mestra das portas trancafiadas
Vem unir...
Vem abrir caminhos novos
Dando rumo novo a esta geração carente de ti

Solidariedade, onde estás?
De repente... um sorriso, um olhar profundo, um raio de Luz...
Encontrei-te!
Tu estás aqui. Ali. Acolá. Alhures...
Comigo, contigo, consigo, conosco, convosco, com Ele...
Amém!

Rita de Cássia Cortes Pedro Dias

A oração de uma criança

Jesus querido
Eu ouvi papai falando
Que o povo americano
Está com o orgulho ferido

Por que um cara
De uma estranha religião
Matou muitos cidadãos
Por ter seu povo ofendido

Os responsáveis
Chamaram muitos soldados
Que irão ser enviados
P´ra destruir esse povo

E pelo jeito
Que o papai estava aflito
Vai haver outro conflito
E começar tudo de novo

Mamãe contou-me
Que um dia o Senhor disse
Que tudo o que lhe pedisse
Eu iria receber

Que para isso
Só preciso de ter fé
Que uma montanha até
Eu consigo remover

Tenho esperança
Que isso seja verdade
Que apenas minha vontade
Tenha força p´ra parar

A mão insana
De alguns dos governantes
Que não pensam um só instante
Quanto mal irão causar

Eu tenho medo
Que papai seja chamado
Para ir lutar ao lado
De algum povo mesquinho

E que eu tenha
Que ficar aqui sozinha
Só com a minha mãezinha
E longe do seu carinho

Então lhe peço
Atenda a minha oração
Ponha amor no coração
Dos que só sabem ferir

Salve o Brasil, a América e a Terra
Não permita que essa guerra
Venha o mundo destruir..

Vanda
Kemp

Todo dia existe Deus

Um dia me perguntaram se eu acreditava em Deus
Eu então lhes respondi da maneira como eu pensava
Entre a lua e as estrelas num galope, num tropel
Pisando nas nuvens brancas eu vi Deus passar no Céu.

Todo dia existe Deus
No sorriso da criança, no canto dos passarinhos
No olhar, na esperança...

Todo dia existe Deus
Na harmonia das cores, na natureza esquecida
Na fresca aragem da brisa, na própria essência da vida...

Todo dia existe Deus
No regato cristalino, pequeno servo do mar
Nas ondas lavando as praias, na clara luz do luar...

Todo dia existe Deus
Na escuridão do infinito, todo ponteado de estrelas
Na amplidão do universo, no simples prazer de vê-las...

Todo dia existe Deus
Nos segredos desta vida, no germinar da semente
Nos movimentos da Terra, que gira incessantemente...

Todo dia existe Deus
No orvalho sobre a relva, na natureza que encanta
No cheiro que vem da terra, e no sol que se levanta...

Todo dia existe Deus
Nas flores que desabrocham perfumando a atmosfera
Nas folhas novas que brotam anunciando a primavera...

Deus é capaz, Deus é paz
Deus é a esperança, é o alento do aflito
O Criador do Universo, da luz, do ar, da aliança...

Deus é a justiça perfeita, que emana do coração
Ao perdoar quem ofende, Ele é o próprio perdão...

Será que você não viu ainda o rosto de Deus
No colorido mais belo dos olhos dos filhos seus?

Deus é constante e perene, é Divino, de tal sorte
Que sendo a essência da vida é o descanso na morte...

Não há vida sem a volta e não há volta sem vida
A morte não é a morte, é só a porta da vida...

Todo dia existe Deus
No ciclo da natureza, neste ir e vir constante
No broto que se renova, na vida que segue adiante
Em quem semeia bondade, em quem ajuda o irmão
Colhendo felicidade, cumprindo a sua missão...

Todo dia existe Deus
No suor de quem trabalha, no calo duro das mãos
No homem que planta o trigo, no trigo que faz o pão
Você pode sentir Deus dentro do seu coração...

Rita Pando

Percepção

Independentemente da situação que encontre o seu dia
Cultive sonhos, ideais e provoque sempre sua espiritualidade
Respire fundo a esperança e a fé em todos os momentos de sua vida
Para sempre colher paz, harmonia, amor e prosperidade.

Recomponha criteriosamente, toda vez que for necessária sua energia
Livre-se do apego material que corrói o coração com valores mensuráveis
Liberte sua alma para com paciência buscar a essência da verdadeira alegria
Agradeça, seja humilde, pois a ingratidão é um risco maligno e implacável.

Assim como o sol que na sua janela todavia amanhece
Nasça uma outra pessoa, a todo raiar de um novo dia sem medo
Pois a vida, é uma flor que germina entre espinhos, mas sempre floresce
Nunca se entregue para qualquer desafio, pois para tudo há seu tempo.

Em algum momento do dia, pare e olhe para o céu
E sinta a imensidão do Universo
Perceba a inteligência simples e verdadeira
Que interliga todos os seres vivos

E nesta perspectiva, observe os desafios da vida
Pausados como poesia em verso
Não fique a sabotar seus propósitos
Seja sempre seu melhor amigo.

Jorge Jacinto da Silva Junior

Cabelos brancos

Quantas vezes te vejo sendo esquecido
Agora encontro-te neste banquinho, deixado aí...
Por aqueles a quem tanto dedicastes amor.

Buscas entre os pássaros tua companhia solitária
“Joga conversa fora” com qualquer um
Procurando sempre alguém para prosear.

Por vezes, repetes os assuntos devido à memória
E teus interlocutores sem paciência logo dizem: É a idade...

Procuram uma desculpa e se afastam
Quantos destes um dia serão como vós?
Bem poucos, talvez, com tua sabedoria, pois renegar-te
É renegar ao próprio sangue, a própria existência.

Sem você, nem eu, nem aquele que te evita existiria.

Você tem a experiência de quem já conheceu muito...
E, como bom professor que és
Tentas a cada qual passar teu aprendizado.

Muitos te evitam porque preferem outro tipo de diálogo
Mais ação, mais emoção, outros “papos”, deixam-te para trás
Deixando sempre um pedaço de sua própria história
Sem perceber que de ti poderiam, ainda a tempo, aprender muito.

Ah! Tão complicado é alguns seres, tão preconceituosos
Tão cegos de espírito...
Mas, devemos cada um fazer nossa parte.

Não será porque poucos tratam seu passado com desprezo
Que faremos o mesmo, devemos respeitá-lo duplamente
Pois estais aí, vivo... Com o coração batendo, amando ainda e...
Dotado de todos os sentidos, inclusive o da mágoa.

Tuas rugas e marcas, cada qual carrega uma história certamente
E devemos sentar perto de ti... dar-te as mãos, escutá-lo, amá-lo...
Ver que sem ti o mundo seria ignorante pois nada saberíamos.

O “saber”... Vem sempre antes de nós mesmos
E você veio antes de nós.

Vamos prosseguir na esperança que um dia
Aqueles a quem tanto dedicaras amor e carinho
Vejam simplesmente...
Que você é alguém que ainda deseja ser amado
E, não existe amor sem respeito, meu doce ancião...

Sempre, sempre meu respeito e amor por ti!

Paulo Nunes Junior

A cor não faz diferença

Branco e preto...
O preconceito racial
Causa desavença.

Pertencemos a todas as raças
A cor da pele muda
Conforme a nossa necessidade.

Podemos ter sido vermelhos, amarelos
Brancos ou negros...
Ou poderemos ser!

Existirá o preconceito até entendermos que
É temporário vestir um corpo branco ou negro...

Que é temporária a existência terrena
Que o nosso espírito será sempre o mesmo
Sem comunhão com a vida o preconceito vem à tona!

Sentimo-nos melhores
Ao denegrir a imagem do próximo...

Quando vamos perceber que ao olhar
- com menosprezo –
Estamos enxergando a nossa própria pobreza?!

A cor não faz diferença
O externo não faz diferença...

Todos temos alegrias, tristezas e problemas comuns
Tudo é temporário.

Tudo passa!

Delasnieve Daspet

Jardim da vida

Começo a caminhar entre esta gente que se diz adulta
Desligo-me do tempo a força, de meu mundo encantado
Onde só existia o sorriso e a inocência
Onde eu era cuidado e zelado.

Se foi enfim a infância...
Desponta-me a adolescência
E com ela, começo agora, a conhecer a dor
A ingratidão, a paixão.

Entre estes sentimentos
Deparo-me com um do qual terei que semear um jardim de amigos...

Enfim, são sementes que nos surgem ao caminho
Algumas se tornarão grandes arbustos
Outras, árvores que nos recebem oferecendo inclusive proteção
Outras, colocadas neste jardim
Tornam-se ervas daninhas prontas a atacar...

Amigos jovens, chamados de pequenas flores ainda
Em nosso bosque da vida...

Outros enfim...
São flores raras e estas vão nos acompanhar até o túmulo
Outros até mesmo pós...

Este sentimento se faz presente em todas as relações
Não pode existir um amor verdadeiro
De mãe, de pai, de irmão, de família
Sem uma amizade profunda!

Não poderá existir um amor carnal forte
Que não se carregue do sentimento de fidelidade e respeito
São as águas que regam estas sementes chamada amizade...

Feliz, percorro meu jardim e hoje
Já muito tempo depois da perca de minha inocência
Posso vê-lo repleto de flores
Com árvores frondosas a me proteger.

Neste jardim de encanto (que é meu) sou o jardineiro
Mas, todos os ensinamentos de como lidar com minhas flores
Algumas delicadas ainda

Vêm do Senhor do Universo meu grande amigo...

Para alguns invisível, para mim bem visível...

Na medida que, posso ver a cada dia minhas flores crescerem e ampliarem
Mesmo que às vezes, alguma flor desgarrada transforme-se em serpente...

Quem sabe um dia ela volte...

Afinal, este Senhor me ensinou:
Sempre fazer do perdão e do entendimento
O grande segredo que utilizo em meu jardim.

Paulo Nunes Junior

Simplesmente criança

Se pudesse pedir algo aos anjos pediria para voltar ao tempo
Poder percorrer campos, colher frutas, brincar entre todos
Amanhecer sorrindo, dormir exausto pelas travessuras
Comer pipoca escondido, pastel de feira, paçoquinha.

Pegar o animal abandonado na rua
Colocar no carrinho de feira e trazer para casa...

Queria poder voltar
Para falar mais uma vez ao meu pai e a minha mãe
Olha, amo vocês!

Queria voltar...
Para poder pedir aos amiguinhos da infância
Que continuassem a meu lado durante o caminhar da vida...

Neste tempo onde a pureza tocava-me sempre a alma...
Construir castelinhos que imaginava não poderem ser destruídos.

Um tempo onde não me deparava com tanta violência, com tanta dor...

Em que podia abrir a ‘lancheira’ e dividir com o amiguinho que me pedia
E receber dele o mesmo carinho...

Um tempo onde os que me cercavam
Não queriam saber se meus pais tinham posses, títulos ou posições...

Um tempo onde podia ser amigo da menina e do menino
Sem malícia nenhuma, apenas a troca de um grande carinho...

Ah, queria voltar ao tempo...
Corrigir meus erros
Procurar viver intensamente cada minuto de minha infância
Perpetuar estes instantes mágicos
Que a gente só depois de muito tempo...

Vê com saudades...

Ah! Se pudesse...

Paulo Nunes Junior

Fome de dignidade

De que me adianta meus olhos se fecharem à realidade
Sair pelos campos a ver somente flores.

Sentir-me bem comigo mesmo
Ter minha cama limpa, macia a espera de meu corpo
Estar bem alimentado, às vezes até em demasia...

De que me adianta fazer de conta que minhas crianças estão a sorrir
A brincar, viver livremente entre campos
E plumas de beleza e encanto.

De que me adianta, enfim...
Sentar-me, aceitar a tudo que meus olhos
Teimam fazer de conta não existir
Mas existe...

Quanto poderia ser feito pelos templos que ostentam riquezas?
Seria esta o tipo de demonstração de fé esperada por nosso Pai?
Quanto compramos a mais, quanto desperdício...

Quantas vezes paramos
E damos as costas aos problemas de outras nações
Como se nunca fossem nos tocar?

Crianças jogadas do alto do edifício pelo próprio pai...
Outras, morrendo ao léu, por fome...

A ave de rapina apenas a esperar o derradeiro instante
Seria o derradeiro instante do amor...?
Seria o derradeiro instante de cada um de nós?

Ou, seria um chamado para a maior de todas as guerras?
Lutar contra a fome, a fome de alimentos, a fome de justiça
A fome de dignidade, a fome de vergonha
A fome de lares destruídos, a fome da decência.

Dar as costas, achar que nada poderá ser feito, seria cômodo...
Entrelacemos as mãos! Cuidemos de nossos lares
Sem esquecer que tudo que jogamos fora, por excesso
Poderá servir ao lar de nosso vizinho.

Não importa se este vizinho é negro, branco, amarelo
Homem, mulher, homossexual, nada importa...
Importa somente. Que olhemos como nosso irmão, apenas isto!

Respeitando a individualidade de cada um e, sem humilhação
Ajudando, estendendo a mão, abrindo o coração, ofertando o pão...

A humanidade, passa, talvez, pela fome moral...

Devido a ganância dos grandes senhores
Governantes escolhidos pelos votos, outros; impostos por minoria.

Esta fome violenta que arranca do homem a dignidade do trabalho
E com este labor o sustento de sua própria família...

Ah! Esta dor que domina a minha alma a deparar-me com tal cena!

A lágrima que roça minha face? Profunda. Chegando as profundezas de minhas entranhas!

Quando acho que já teria feito muito
Vejo que ainda existe muito a ser feito
Quando penso em descansar
Vejo que tenho que levantar-me
Lutar pelos pequenos vigiados pelos urubus

Fazer minha parte... Lançar meu exemplo a meu próximo
E esperar que cada qual faça o mesmo
E, assim alcançarmos a vitória sobre a fome
Que coroe a dignidade da vida!

Se me satisfaço com um pão mas tenho moedas para seis...
Reservo agora, os outros cinco a meus irmãos...

Afinal, para aonde um dia vou, me apresentar a meu Pai, nada levo...

Sem ser minha história...

Paulo Nunes Junior

Poema da gratidão - Divaldo Franco

Muito obrigado Senhor, pelo que me deste, pelo que me dás!

Muito obrigado, pelo pão, pelo ar, pela paz!

Muito obrigado, pela beleza que meus olhos vêem no altar da Natureza!

Olhos que fitam o ar, a terra e o mar.

Que acompanha a ave fagueira que corre ligeira pelo céu de anil, e se detém na terra verde salpicada de flores em tonalidades mil!

Muito obrigado, Senhor, porque eu posso ver o meu amor!

Diante de minha visão, pelos cegos, formulo uma oração. Eu sei que depois dessa lida, na outra vida, eles também enxergarão!

Obrigado pelos ouvidos meus que me foram dados por Deus. Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro, a melodia do vento nos ramos do salgueiro, as lágrimas que choram os olhos do mundo inteiro. Diante de minha capacidade de ouvir, pelos surdos eu Te quero pedir, eu sei que depois desta dor, no Teu reino de amor, eles também ouvirão!

Muito obrigado, Senhor, pela minha voz! Mas também pela voz que canta, que ensina que alfabetiza que canta uma canção e Teu nome profere com sentida emoção!

Diante da minha melodia quero Te rogar, pelos que sofrem de afazia, pelos que não cantam de noite e não falam de dia. Eu sei que depois desta dor, no Teu Reino de amor, eles também cantarão!

Muito obrigado Senhor, pelas minhas mãos!

Mas também pelas mãos que oram, que semeiam, que agasalham.
Mãos de amor, mãos de caridade, de solidariedade.
Mãos que apertam mãos.
Mãos de poesia, de cirurgia, de sinfonia, de psicografias...
Mãos que acalentam a velhice, a dor e o desamor!
Mãos que acolhem ao seio o corpo de um filho alheio, sem receio.

Pelos meus pés, que me levam a andar sem reclamar.
Muito obrigado, Senhor, porque posso bailar!

Olho para a Terra e vejo amputados, marcados, desesperados, paralisados...
Eu posso andar!!!
Oro por eles!
Eu sei que depois dessa expiação, na outra reencarnação, eles também bailarão.

Muito obrigado, Senhor, pelo meu lar!
É tão maravilhoso ter um lar...
Não importa se este lar é uma mansão, um bangalô, seja lá o que for!
O importante é que dentro dele exista amor!
O amor de pai, de mãe, de marido e esposa, de filho, de irmão...

De alguém que lhe estenda a mão, mesmo que seja o amor de um cão, pois
é tão triste viver na solidão!

Mas se não tiver ninguém para amar, um teto
para me acolher, uma cama para me deitar...
mesmo assim, não reclamarei, nem blasfemarei.

Simplesmente direi:
Obrigado Senhor, porque nasci.
Obrigado Senhor, porque creio em Ti!
Pelo Teu amor, obrigado Senhor!

Amélia Rodrigues

Muitas décadas transcorreram desde que Divaldo Franco proferiu sua primeira palestra, iniciando uma jornada que o levaria aos mais distantes rincões do mundo, tornando-se o maior divulgador da Doutrina Espírita em todos os tempos.
Como médium, completa, no ano de 2011, sessenta e quatro anos de prática mediúnica, realizada com a mesma abnegação e amor. Fundou em 1952, na cidade de Salvador, com Nilson de Souza Pereira, a Mansão do Caminho, complexo educacional que atende três mil crianças e jovens de famílias de baixa renda, por dia. Seu trabalho em prol da paz mundial o tem distinguido no Brasil e no exterior. A esse incansável trabalhador do Cristo, que revive em sua vida exemplar os tempos apostólicos, o nosso preito de gratidão e de amor.
Conheça a obra de Divaldo Franco: www.mansaodocaminho.com.br / www.divaldofranco.com / www.divaldofrancofotos.com.br