domingo, 23 de outubro de 2011

Amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo
Não de cultivo alheio ou de presença
Nada exige, nem pede
Nada espera
Mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas
Feitas de sofrimento e de beleza
Por aquelas mergulha no infinito
E por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
Aquilo que foi grande e deslumbrante
O antigo amor, porém, nunca fenece
E a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança
Mais triste? Não. Ele venceu a dor
E resplandece no seu canto obscuro
Tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário