domingo, 16 de outubro de 2011

Tédio

Vontade preguiçosa de apanhar meus nervos
e fazer uma rede para me deitar...

E fechar os meus olhos, como que cansado
de olhar...

E dormir, mas dormir esse sono das pedras
que não podem sonhar...

Ser folha, folha morta, caindo
embalada pelo ar...

Barco solto, sem leme, sem velas, sem nada
ao sabor inconstante do mar
a boiar...

Vontade preguiçosa de encostar a vida
num canto para descansar...

E soltar-me em mim mesmo num canto
num canto, para descansar...

E soltar-me em mim mesmo, e soltar-me e caír
e deixar-me ficar,
sem ter vontade ao menos para bocejar...

Ah!... Vontade preguiçosa de não terminar
estes versos morrendo em ar... em ar... em ar.

J. G. Araújo Jorge

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