sábado, 5 de novembro de 2011

Se...

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa
De crer em ti quando estão todos duvidando
E para esses, no entanto achar uma desculpa
Se és capaz de esperar sem te desesperares
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares
E não parecer bom demais, nem pretensioso

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas
E refazê-las com o bem pouco que te reste

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada
Resignado, tornar ao ponto de partida
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!”

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes
Se a todos podes ser de alguma utilidade
E se és capaz de dar, segundo por segundo
Ao mínimo fatal todo o valor e brilho
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais - tu serás um homem, ó meu filho!

Rudyard Kipling - nascido na Índia (1865-1936)

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