sábado, 5 de novembro de 2011

Trilhas da vida

Trilha de folhas caídas,
Pelo outono vencidas,
Acolhem meus pensamentos...

São os caminhos de agora,
Sem as delícias de outrora,
Onde sigo a passos lentos...

Na trilha de folhas mortas,
Minha alma bate às portas
Da crença, da esperança...

Agarra-se, agonizante,
Ao desejo de , um instante,
Deter o fim que avança...

Na trilha das ilusões,
Despedacei corações,

Mas perdi muitos também...

Ficou a melancolia
Que invade e inebria
Esse fatal vai-e-vem...

Ilusões, folhas caídas,
Chances válidas, perdidas,
Apelos da mocidade...

As lembranças andarilhas
Vão seguindo pelas trilhas
Da inevitável saudade!...

Oriza Martins/2008

http://www.orizamartins.com/1rp-gifs-mensagens-poema-oriza-trilhas.html

Me encante

Me encante da maneira que você quiser, como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar…

Me encante nos mínimos detalhes.
Saiba me sorrir: aquele sorriso malicioso,
Gostoso, inocente e carente.

Me encante com suas mãos,
Gesticule quando for preciso.
Me toque, quero correr esse risco.

Me acarinhe se quiser…
Vou fingir que não entendo,
Que nem queria esse momento.

Me encante com seus olhos…
Me olhe profundo, mas só por um segundo.
Depois desvie o seu olhar.
Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido te encantar…

E então, volte a me fitar.
Tão profundamente, que eu fique perdido.
Sem saber o que falar…

Me encante com suas palavras…
Me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres.
Me conte segredos, sem medos,
E depois me diga o quanto te encantei.

Me encante com serenidade…
Mas não se esqueça também,
Que tem que ser com simplicidade,
Não pode haver maldade.

Me encante com uma certa calma,
Sem pressa. Tente entender a minha alma.

Me encante como você fez com o seu primeiro namorado…
Sem subterfúgios, sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.

Me encante na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva….

Me encante sem dizer nada, ou até dizendo tudo.
Sorrindo ou chorando. Triste ou alegre…
Mas, me encante de verdade, com vontade…

Que depois, eu te confesso que me apaixonei,
E prometo te encantar por todos os dias…
Pelo resto das nossas vidas!!!

Pablo Neruda

Caixa mágica

Guardo em uma pequena e delicada caixa
A sutil magia do poder voltar o tempo
Buscar na lembrança algo que me faça
Recordar com carinho cada amado momento

Agradeço este instante em meu peito a forte emoção
Trago à memória pessoas queridas as quais em minha vida
Como anjos vivos de harmonia não passaram em vão
Florindo em meu jardim flores coloridas de alegria

Como é lindo ter o que relembrar
Tenho com isso a certeza de tudo que vivido
Valeu a pena o suor do seu caminhar
E não pode ser por mais singelo esquecido.


Autor: Jorge Jacinto da Silva Junior

Mas... é a realidade!

Guardo nas gavetas desabitadas
De meu corpo, fatos, atos e desafetos
Ocorrências, sapiências, desobediências
Perdas acumuladas de sonhos não realizados
Neste viver transitório....
.
E daí?!
Tanto faz como fez...
Mas preciso encarar a realidade
Reconhecendo a transitoriedade
De tudo que se vive!
.
Se navego no infinito
Se a mente divaga
Se... enfim, é problema meu...
Tenho de apreciar o nó que criei
E que me contorna....
.
Meu olhar, lava-se em mares salgados
Busca interagir com o que existe ao redor...
As mãos, pequenas mãos, amoldam a argamassa
Da construção por acabar!
.
Mas meus anseios..... ah! estes!
Buscam o eterno no provisório
Do encantamento que trago tatuado
N´alma peregrina!
.
Na (in)consciência do que é
Ou do que não é, talvez - do que não poderia ser...
Não marca o tempo o relógio
Na efemeridade do momento!
.
Privilégios nos empolgam
Sucesso alivia a tensão e ajeita o ego...
Desigualdades nos aviltam...
Mas é a realidade - essa crueza que nos observa
É quem nos faz compreender - a coerência do caminhar!

Delasnieve Daspet

Viver

Viver...
É ousar e acreditar
Acreditar nos sonhos e saber
Que somos capazes de realizá-los
É acreditar no encanto e na magia da Vida
E ouvir sempre a voz do coração
Pois lá, no santuário do coração
Reside o encanto e a magia da Vida!

Viver...
É buscar a harmonia de dentro para fora
É sentir no coração a emoção da vida
É sentir o sol pulsante, o orvalho do amanhecer
É sentir as estrelas falando direto ao seu coração
É ver e sentir a vida que pulsa em um animal
É sentir compaixão pela dor do outro
É amenizar o sofrimento daqueles que sofrem.

Viver...
É estar com o outro lado a lado e
sentir-se feliz por ele estar feliz
E na tristeza, levar uma mensagem de amor, fé e esperança
Porque na vida o fim não existe.
Na verdade quando pensamos que estamos no fim
Estamos novamente recomeçando
Porque a eternidade simplesmente é: não tem início nem fim.

Viva a vida!
Mas não se esqueça que para se viver
É preciso sentir.

Então sinta a vida, em toda sua plenitude
Através do pulsar do seu coração.

Fátima dos Anjos

Vou tirar você do dicionário

Eu vou tirar do dicionário a palavra você
Vou trocá-la em miúdos
Mudar meu vocabulário e no seu lugar
Vou colocar outro absurdo
Vou tirar suas impressões digitais
Da minha pele
O seu cheiro dos meus lençóis
O seu rosto do meu gosto
Eu vou tirar você de letra
Nem que tenha que inventar
Outra gramática
Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
Com quantos "nãos" se faz um sim
Vou tirar o sentimento do meu pensamento
Sua imagem e semelhança
Vou parar o movimento a qualquer momento
Procurar outra lembrança
Eu vou tirar
Vou limar de vez sua voz dos meus ouvidos
Eu vou tirar você e eu de nós
O dito pelo não tido
Eu vou tirar você de letra
Nem que tenha que inventar
Outra gramática
Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
Com quantos "nãos" se faz um sim.

Alice Ruiz

Grito

Não, não irei sem grito
Minha voz nesse dia subirá
E eu me erguerei também
Solitária. Definida
As portas adormecidas abrirão
Passagem para o mundo
Meus sonhos, meus fantasmas
Meus exércitos derrotados
Sacudirão o silêncio de convenção
E as máscaras de piedade compungida
Dispensarei as rosas, as violetas
Os absurdos véus sobre meu rosto
Serei eu mesma. Estarei
Inteira sobre a mesa
As mãos vazias e crispadas
Os olhos acordados
A boca vincada de amargor.

Não. Não irei sem grito.

Abram as portas adormecidas
Levantem as cortinas
Abaixem as vozes
E as máscaras -
Que eu vou sair inteira.
Eu mesma. Solitária.
Definida.

Lila Ripoll

Codinome

Se não for amor... só pode ser apelido
Algo que ninguém ainda definiu na certa
A quem diga ser doído como um castigo
Mas faz no apaixonado peito morada eterna

Vem perfumando o ar em versos de poesia
Como tudo que é lindo deveria vir
Chega de repente como doce magia
Para tornar-se valioso e nunca da vida partir

Procura-se por todos os ventos o significado
De todo sentir que vem de encontro ao viver
Compartilhando em cada respirar tudo ao seu lado
É o mais puro AMOR que sinto por você.

Autor: Jorge Jacinto da Silva Junior

Alma do Poeta

Delira entre versos
completamente livre; flutua no espaço
Desatando sentimentos
No tempo, as horas não marcam
Os instantes sonhados
E, de sua luz, nascem pensamentos floridos
Para perfumar a vida de amor.

Sem raízes, pode navegar sobre as águas
Na terra fértil, sempre abre os braços
Para proteger os apaixonados
Que viajam além da imaginação
Esculpindo, em letras
A fonte de inspiração.

Poetas são anjos
Fundindo corpo e alma
Na eterna paixão.

Schyrlei Pinheiro - RJ - 31/01/11

Poesia da alma

O enlevo de poeta só se alcança
Com o coração da alma.

Um coração que pulsa
No aconchego do peito
Já é poesia.

A cadência no ritmo dos versos
Acorda o sono da solidão
Caminha, colore o espaço
Rompe o silêncio, cala a dor
E se chama amor.

O poeta dedilha a harpa eólica
Da sinfonia que jamais por outro
Será igualado.

Paulo Silveira de Ávila

Amanheço!

Parabéns!
Eis que me é concedido mais um dia
Um dia de um novo ano que se inicia
Inicia-se hoje, como iniciou-se há tantos anos...
.
Na dobra do tempo ainda encontro
Minhas asas azuis suaves
Da cor matinal que me aguarda...
.
E, é franco o sorriso brejeiro que ostento
Sorrio na cor do gorgeio dos pássaros
nas floridas primaveras de setembro...
.
Foi setembro que escolhi para voltar
O inverno ja amainava e as primeiras flores
Do hibisco, tímidas, sorriam entreabertas
Ao fraco sol primaveril
.
Para que o tempo passe
Entre o passado e o futuro
Voltei da terra infinita.
Cheguei na fria manhã com neblina...

Amanheci!
.
Ficarei - até vencer-se o prazo.
E quando o Livro do Tempo fechar-se
Voltarei ao meu elemento primaz
Pó - da terra que me receberá!

Delasnieve Daspet - 12.09.2007 - Campo Grande/MS

Segredo

Eu nunca quis... eu nunca precisei...
Mas hoje, como eu gostaria de ter mais poder!
Queria deter o mistério dos mandalas
Desvendar o segredo da Flor de Ouro
Encontrar o mapa, achar o tesouro...

Com os quatro elementos da natureza
Eu seria vitorioso, com certeza!
Fogo... água... terra... ar...
Em qual deles estará oculta a magia
Que a minha dor, eliminaria?!

Oh céus, é tão pouco o que eu preciso!
Apenas ver brilhar de novo, um sorriso...
Salamandra... socorre-me!
Ensina-me o caminho, retira os espinhos
Os pássaros não vivem sem ninhos!

E quando se entristecem, calados permanecem
Voando de asas quebradas, um dia perecem...
Que será de mim? Simplesmente... o fim?
Sem esse canto, jogarei meu manto
Deporei as armas... morrerei... sem pranto!

Mas o poder existe... eu sei que sim!
Não foi outro, senão Deus, a ensinar pra mim
Está no mar... no ar... está num doce olhar!
Ele que planta em nossa alma, sementes coloridas
E faz florir no coração, as brancas margaridas!

Mais uma vez, vou confiar, acreditar!
Se eu convencer o fogo, a água, a terra e o ar
Terei nas mãos, o sempre tão almejado poder!
O grande segredo, que do poder é tutor
São quatro letrinhas que dizem tanto... chama-se: AMOR!

Ciranda dos Poetas

Tristeza

O homem triste passa novamente
Como a empurrar a vida na calçada
Tem um sorriso e olhar indiferente
Mas dentro d'alma já não tem mais nada.

Quando o vejo passar tão tristemente
Penso que tem a vida embriagada
Às vezes dá um aceno levemente
Como quem sente a mão muito cansada.

Olhar parado de quem já viu tudo
De quem não ousa ter curiosidade
Parece até que o seu destino é mudo...

Será que tem no peito uma saudade?
Será que tem um amor igual ao meu?
Parece tão mais triste do que eu!...

Ciranda dos Poetas

Se...

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa
De crer em ti quando estão todos duvidando
E para esses, no entanto achar uma desculpa
Se és capaz de esperar sem te desesperares
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares
E não parecer bom demais, nem pretensioso

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas
E refazê-las com o bem pouco que te reste

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada
Resignado, tornar ao ponto de partida
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!”

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes
Se a todos podes ser de alguma utilidade
E se és capaz de dar, segundo por segundo
Ao mínimo fatal todo o valor e brilho
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais - tu serás um homem, ó meu filho!

Rudyard Kipling - nascido na Índia (1865-1936)

Poema

Satânico é meu pensamento a teu respeito
E ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão
Numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.

A noite era quente e calma e eu estava em minha cama
Quando, sorrateiramente, te aproximaste
Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor.

Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim
E mordeste-me sem escrúpulos até nos mais íntimos lugares
Eu adormeci...

Hoje, quando acordei
Procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão
Deixaste em meu corpo e no lençol
Provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.

Esta noite recolho-me mais cedo para, na mesma cama, te esperar
Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força
Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos
Não haverá parte do teu corpo em que meus dedos não passarão.

Só descansarei quando vir sair, o sangue quente do teu corpo
Só assim... livrar-me-ei de ti...
Pernilongo F. P...!!!

Autor: Carlos Drumond de Andrade

A Vida

Já escondi um amor com medo de perdê-lo,
Já perdi um amor por escondê-lo...

Já segurei nas mãos de alguém por estar com medo,
Já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.

Já expulsei pessoas que amava de minha vida,
Já me arrependi por isso...

Já passei noites chorando até pegar no sono.

Já fui dormir tão feliz,
Ao ponto de nem conseguir fechar os olhos...

Já acreditei em amores perfeitos,
Já descobri que eles não existem...

Já amei pessoas que me decepcionaram,
Já decepcionei pessoas que me amaram...

Já passei horas na frente do espelho,
Tentando descobrir quem sou...

Já tive tanta certeza de mim,
Ao ponto de querer sumir...

Já menti e me arrependi depois,
Já falei a verdade
E também me arrependi...

Já fingi não dar importância a pessoas que amava,
Para mais tarde chorar quieto em meu canto...

Já sorri chorando lágrimas de tristeza,
Já chorei de tanto rir...

Já acreditei em pessoas que não valiam a pena,
Já deixei de acreditar nas que realmente valiam...

Já tive crises de riso quando não podia...

Já senti muita falta de alguém,
Mas nunca lhe disse...

Já gritei quando deveria calar,
Já calei quando deveria gritar...

Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns,
Outras vezes falei o que não pensava para magoar outros...

Já fingi ser o que não sou para agradar uns,
Já fingi ser o que não sou para desagradar outros...

Já contei piadas e mais piadas sem graça,
Apenas para ver um amigo mais feliz...

Já inventei histórias de final feliz
Para dar esperança a quem precisava...

Já sonhei demais,
Ao ponto de confundir com a realidade...

Já tive medo do escuro,
Hoje no escuro "me acho..me agacho... fico ali"...

Já caí inúmeras vezes
Achando que não iria me reerguer,
Já me reergui inúmeras vezes
Achando que não cairia mais...

Já liguei para quem não queria
Apenas para não ligar para quem realmente queria...

Já corri atrás de um carro,
Por ele levar alguém que eu amava embora...

Já chamei pela mamãe no meio da noite
Fugindo de um pesadelo,
Mas ela não apareceu
E foi um pesadelo maior ainda...

Já chamei pessoas próximas de "amigo"
E descobri que não eram;

Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada
E sempre foram e serão especiais para mim...

Não me dêem fórmulas certas,
Porque eu não espero acertar sempre...

Não me mostre o que esperam de mim,
Porque vou seguir meu coração!...

Não me façam ser o que eu não sou,
Não me convidem a ser igual,
Porque sinceramente sou diferente!...

Não sei amar pela metade,
Não sei viver de mentiras,
Não sei voar com os pés no chão...

Sou sempre eu mesmo,
Mas com certeza não serei o mesmo para sempre...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aqui te amo

Aqui te amo.
Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento
A lua brilha como fósforo sobre as águas errantes
Andam dias iguais a perseguir-se.

Define-se a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata se desprende do ocaso
As vezes uma vela. Altas, altas, estrelas.

Ou a cruz negra de um barco
Só.
Às vezes amanheço, e minha alma está úmida.

Soa, ressoa o mar distante.
Isto é um porto.
Aqui eu te amo.

Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.
Às vezes vão meus beijos nesses barcos solenes
Que correm pelo mar rumo a onde não chegam.

Já me creio esquecido como estas velha âncoras
São mais tristes os portos ao atracar da tarde
Cansa-se minha vida inutilmente faminta.

Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante
Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos
Mas a noite enche e começa a cantar-me.

A lua faz girar sua arruela de sonho.

Olham-me com teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento
querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.

Pablo Neruda

Quando falar sobre Amor

Quando falar sobre amor, finja nada conhecer, para absorver cada frase que brote do coração.

Quando falar sobre a dor, deixe abertas as janelas da alma para compreender que amor e dor são tão parecidos que até os confundimos, ao vê-los bem de pertinho.

Quando falar sobre a paz, faça-o no rumor da guerra, para ser ouvido na mais alta voz.

Quando falar de amizade, estenda a mão aos seus inimigos, para que possa provar a si mesmo aquilo que gosta de dizer aos outros.

Quando falar de fome, faça um minuto de jejum, para lembrar daqueles que jejuam todos os dias, mesmo sem querer.

Quando falar de frio, abrace alguém.

Quando falar de calor, estenda a mão.

Quando estender a mão, sustenha o braço para que perdure.

Quando falar de felicidade, acredite nela.

Quando falar de fé, cerre os olhos para encontrar a razão daquilo em que crê.

Quando falar de Deus, faça-o pelo silêncio do seu testemunho.

Quando falar de si mesmo, aprenda a calar, para entender o amor, a dor, a paz, os sonhos...

Ah quando tudo isso acontecer... será estupendo!

Quão bom e quão suave é que sejamos contemplados pelo amor...

Por isso quando falar de amor...

FALE DE CORAÇÃO!

A dança divina

O Hinduísmo, na India, desenvolveu uma bela imagem para escrever o relacionamento entre Deus e Sua Criação.

Deus "dança" a Sua Criação.

Ele é o Bailarino e a Criação é a Dança.

A dança é diferente do bailarino e, no entanto, não pode viver sem ele.

No momento em que pára o bailarino, a dança deixa de existir.

Na sua busca de Deus, o homem pensa demais, reflete demais, e fala demais.

Mesmo ao olhar pra esta dança que chamamos criação, ele está sempre pensando,
falando(consigo mesmo e com os outros), refletindo, analisando, filosofando...

Palavras, palavras, palavras...

Barulho, barulho, barulho...

Fique em silêncio e olhe para a Dança.

Simplesmente, olhe:

Uma estrela...

Uma flor...

Uma folha que envelhece...

Um pássaro...

Uma pedra...

Qualquer parte dessa dança pode ser útil...

Olhe...

Prove...

Cheire...

Toque...

Escute...

Assim fazendo, há esperança de que você veja a Ele o próprio BAILARINO!

(Anthony de Mello, S.J)

Resta...

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio.

Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! Porque eles não têm culpa de ter nascido.

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante
E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória.

Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada…

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

Vinícious de Moraes

Apaixone-se

Apaixone-se mais pela viagem...
do que pela chegada ao destino,
a primeira opção é mais garantida.

Apaixone-se pelo seu corpo...
mesmo que ele esteja fora de forma, pois de "qualquer forma"
ele é a única casa que você realmente possue.

Apaixone-se pelas suas memórias...
todas são deliciosas e ninguém pode tirá-las de ti,
além de serem excelentes fontes de inspiração nos momentos de dor.

Apaixone-se pelas pessoas...
que estão ao seu lado pois, na caminhada do dia-a-dia,
a pessoa certa é aquela que está
definitivamente ao seu lado.

Apaixone-se pelo sol...
ele é fiel, gratuito,
absolutamente disponível...
e te inunda de prazer.

Apaixone-se por alguém...
não espere alguém apaixonar-se
por você só por garantia e segurança.

Apaixone-se pelo seu projeto de vida...
Acredite!
A vida é única e só a ti pertence.

Apaixone-se pela dança da vida...
que está sempre em movimento dentro da gente,
mas que por defesa teimamos por aprisioná-la.

Apaixone-se mais pelo significado...
das coisas que você conquistar
do que pelo seu valor material.

Apaixone-se por suas idéias...
mesmo que venha julgar
que elas para nada servem.

Apaixone-se por seus pontos fortes...
mesmo que os pontos fracos insistam
em ficar em alto relevo no seu cérebro.

Apaixone-se pela idéia...
de ser verdadeiramente feliz;
a felicidade encontra-se de sobra
nas prateleiras de seus recursos interiores.

Apaixone-se pela música...
que você pode ser para alguém...

Apaixone-se pelo fato de ser humano!

Apaixone-se definitivamente por você!

Apaixone-se por alguém...

O amor e a paixão nos fortalece,
eleva a nossa auto-estima,
a nossa vontade de viver
e a de ser muito mais feliz
.

Trago uma rosa para você

Dirijo-me a você que tem alma simples ou deseja possuir a simplicidade. Por isso não me constrange em lhe oferecer uma rosa. Se você entende a linguagem das flores, o olhar da criança, o gesto do amigo, o sorriso do irmão como expressão de amor, então sei, que será bem recebida a rosa que lhe trago!

A flor é símbolo.
Ela diz tudo que a gente não consegue dizer.

A flor é sorriso.
Ela renova a certeza de estima ou devolve a alegria pela volta do amigo.

A flor é a presença. Ela fica no lugar de quem parte. Lembra seu amor, seu olhar, sua voz, lembra enfim, a pessoa que a ofertou.

Ela deixou de ser uma simples flor, é agora uma rosa ofertada, uma rosa com amor.

A rosa que hoje lhe trago é minha amizade. Para que você não esteja só que tenha alegria e coragem de seguir jornada.

Para que sejamos irmãos; gente que sabe que sozinho não vence na vida e que precisa do outro para crescer. Infelizmente, vivemos num mundo em que muitos desaprenderam o valor de um sorriso ou o símbolo de uma flor-que-se-dá. Desaprenderam que a vida é bela, na medida em que o amor toma conta de nós, e, impregna as palavras e os gestos mais simples de um sentido novo, desaprenderam a olhar além. Além das aparências... além desta terra...

É preciso um olhar de infinito na vida que passa. Só assim se eterniza e nos faz descobrir o essencial que se esconde em cada momento, em cada palavra, em cada passo.

Trago uma rosa para você sorrir de novo, se acaso desaprendeu. Ela lhe há de falar de minha vontade de vê-lo crescer. Da afeição que lhe devoto. Da alegria que tenho em sabê-lo morador do meu planeta e companheiro de retorno para o Pai.

Obrigado pelo dia em que também me ofertar uma rosa.
Será maravilhoso para mim!
Ela será você mesmo.
Você comigo, há de recordar nosso encontro...
Nossos papos no fim da tarde...
Nossa escrita carregada de emoção...
E eu terei novamente
mais vontade de viver...

do livro: Sorria - o amor renasceu

Com cheiro de terra molhada

Olho a chuva cair na tarde,
Molhando minhas saudades...
Penso em versos...
Vou construir um poema úmido
Com cheiro de terra molhada.

Leve e perfumado
Como o vento que se enrosca
Nas folhas mortas das árvores
E sibilando as carrega,
Mudando tudo de lugar...

Mudaram com o vento
Os meu sonhos e as minhas emoções!
Rolaram as ribanceiras
Com tanta velocidade
Que me arranhei toda
Com as idas e vindas da vida!

E nas sombras das nuvens
Meu coração se esconde!
Entre um olhar e outro,
Na esfera da fumaça,
A chuva cai.

E na terra que o asfalto comeu
A água se coagula em lama,
Como lágrimas borradas
Na maquiagem!

Eu preciso
Fazer a água escoar pelos
Canais do tempo
Diluindo minhas verdades e mentiras
Apagando minhas inseguranças,
Limpando minhas impurezas,
Fazendo brotar a vida
Na verde folha da paz!

Delasnieve Daspet

Coisas da alma

Há coisas que não são ditas aos homens.
Sobre o desconhecido e o invisível.
Sobre o que está além do véu...
Sobre o que viaja dentro da alma.
Sobre aquilo que os devas* cantam.
Sobre os sonhos que voam...
Nas asas do coração que viaja, bem além...

Há coisas que os homens não sabem.
Muitas delas, dentro deles mesmos.
Outras, no infinito...
Há presenças invisíveis nos ares.
Sopram com o vento da vida.
E só falam ao coração.

Assim como a vida chama a vida...
O Eterno chama o transitório.
O Espírito chama o Espírito.
O Coração chama o Amor.

Há coisas de que os homens não se lembram.
Coisas do Espírito... Vôos secretos.
Reminiscências de sua própria eternidade.
Ecos de muitas vidas e canções de outrora.

Há coisas que os homens não falam.
Coisas de dentro deles mesmos.
Sensações estranhas e pesadelos.
(Medo do invisível? Vazio existencial? )

Há coisas que os homens sentem no centro da noite.
Coisas que eles fingem não sentir.
Ventos secretos que sopram no invisível...
(Chamados do Espírito? Toques do infinito?)

Sim, há muitas coisas que não são ditas aos homens.
Viagens espirituais* * e danças com as estrelas e devas.
Coisas do infinito, que só o Espírito conhece.
E só o Coração compreende.. .

Sim, aquelas coisas do Espírito e do infinito da vida...
Que só falam ao coração (que sabe a língua do eterno).
E, quando o coração fala ao coração, não há mais nada a dizer!

P.S.: No espaço entre os pensamentos e os sentimentos, o infinito fala no silêncio.

E o que é dito na câmara secreta do coração, ouvidos profanos não podem ouvir.

Quem, em seu coração, compreende isso, compreende o que as palavras não dizem.

Isso não se explica, só se sente... Só se sente... Só se sente...

Paz e Luz.

* Devas - do sânscrito - seres divinos; seres celestiais; divindades; anjos; seres de luz.

** Viagens espirituais - experiências fora do corpo; desprendimentos espirituais; viagens astrais; projeções astrais; viagens extrafísicas; vôos do espírito; projeções da consciência; viagens fora do corpo.

Quem é você?


Quem é você?
Que tomou tantas dores que não eram suas
Que suportou horrores por quem não merecia
Que balsamizou as feridas de tantos
Que depois lhe seriam dadas, impostas...

Será que você sabia...
O que o homem faria, com o amor que lhe deu?
Será que pressentia, naquele tempo e sempre
Até hoje e algum dia...
Os abutres terríveis que defendeu?

Quem é você?
Que não apertou minha mão
Que eu não vi seu rosto, nem o brilho dos seus olhos
Mesmo assim eu insisto em crer
E me emociono ao pensar em você
Você sabe porque?

Que lei insana é essa, que me decreta
Incondicionalmente lhe amar
Mesmo sem querer, sem precisar
Apenas sentindo e eu nunca hei de contestar?...

Quem é você...
Que provoca paradoxos tão grandes
Que alguns o julgam uma mentira infame
E outros se envergonham de confiar em ti?
Será que você imaginava
Que poderia ser assim?

Eu não sei quem você é, de onde veio, para onde foi
Tudo que eu sei... com você eu sempre contei
Você foi a mão estendida... a porta aberta... a luz...
Dizem que o seu nome é...

Jesus!

Quando as estrelas não aparecem


Quando fico no escuro
E as estrelas aparecem
Não importa a situação
Os dedos tocam os sonhos
E te buscam na eternidade
De uma canção.

Cansei de andar só
Como um pardal na chuva
E sem usar as máscaras permitidas
Mal consigo sobreviver...

Para fechar o ciclo
Não busco piedade
Sigo pela estrada, caminhando...

Quando as trevas se fecham em delírios
Quando as estrelas não brilham
Lágrimas queimam a minha alma
E escurecem a minha noite.

Delasnieve Daspet

Sofrimento

Como podemos fazer sofrer tanto quem amamos
Sendo inconseqüentes em muitos de nossos atos
É um auto-flagelo das coisas boas que carregamos
Momento de imperfeição do desalento espírito revelado.

Não há motivos que expliquem a falta estampada
Uma vez que no amor cedemos um fragmento de nós
Seria óbvio cuidá-lo com afago evitando a mágoa
Desatando os entrelaços do egoísmo feroz.

A face da sua dor nunca se revelará completa a minha
Visto que a culpa pode encobrir-se por mascaradas atitudes
As quais só podem brotar férteis sementes da solidão.

Por isso desculpe-me por te fazer sofrer
Pois sei que o amor se recupera ao sofrimento
Mas não oculta as cicatrizes do coração.

Autor: Jorge Jacinto da Silva Junior